quinta-feira, 20 de maio de 2010

PROPOSTA NACIONAL DO MOVIMENTO NEGRO SOCIALISTA - PSB

PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO - PSB

PROPOSTA NACIONAL DO MOVIMENTO NEGRO SOCIALISTA


Refletir sobre a CONSCIÊNCIA NEGRA demanda o pensamento de no mínimo três vieses para podermos conduzir a discussão e alcançarmos um entendimento da questão: a questão do negro/negra enquanto seres humanos; a política enquanto poder e gestão das políticas públicas e das ações afirmativas. Assumindo essas dimensões, podemos propor um verdadeiro caminho para uma nova consciência das relações étnico-raciais de forma humanizada. Temos que propor as discussões étnico-raciais à mídia de forma que essa desperte nos telespectadores a necessidade de fazer uma reflexão coerente sobre a situação do povo negro no Brasil. Os recentes dados estatísticos revelam situações de vida nas comunidades de maioria negra que são ao nosso ver, gritantes: por um lado, o desrespeito, o descaso e a discriminação com os negros e negras e por outro lado, há a nítida carência de políticas governamentais e ações afirmativas que promovam a educação, a formação humana e o respeito ao seres em suas diferenças étnico-raciais. As leis existem, mas não são implementadas e, portanto, desrespeitadas. Tomamos como fundamento teórico, um conceito pouco conhecido, mas que possibilitar-nos-á ter uma concepção do homem negro e da mulher negra não só como potenciais artísticos, bons desportistas e de beleza física, mas também, homens e mulheres como potencial em relação à intelectualidade. Estamos convictos e convictas de que historicamente continua-se negando a importância dos negros e das negras no Brasil. O povo negro continua sendo “tolerado”, mas não aceito, “percebido”, mas não respeitado. Não se pode aqui negar o esforço dos segmentos negros/negras organizados, mas é fato: as políticas públicas não contemplam o ideal. Por esse motivo, ao longo dos tempos o povo negro tem sido vítima da “despossessão social, psíquica e econômica”. Não temos sido vítimas só do preconceito, da segregação e da intolerância social; não é exagerado afirmar aqui que uma parcela de negros e negras têm que enfrentar algo pior: o sutil afunilamento ao êxito social.

Valorizar os negros e as negras, não pode significar apenas reconhecer a beleza física, a força nos esportes ou na música. É importante lembrar que esses homens e mulheres também pensam com rigor e método, são também produtores do saber intelectual. Seguindo esse raciocínio, é de fundamental importância que, através da mídia, da organização sócio-política, motivemos mulheres e homens negros a tomarem consciência dessa realidade.

O filósofo Ortega y Gasset disse: “Eu sou eu e minha circunstância”. Disso se segue que esse “eu” só pode ser um “eu autêntico”, intrínseco ao ser humano. Essa pessoa assim constituída, sendo consciente pode dessa forma viver a sua circunstância em relação ao outro, com o mundo e com as coisas que o rodeiam. De igual forma, o mundo e as coisas não são realidades separadas desse “eu autêntico”. É dentro dessa perspectiva que a pessoa vive a age. É nesse sentido e nessa ordem que temos que estimular as crianças, os adolescentes e os jovens acerca da idéia de “Consciência Negra”, a qual não pode ser e nem deve ser um mero “slogan”, mas algo que vá além da satisfação das necessidades imediatas, algo que “fisgue” pelo coração e pela razão, as negras e negros que sem saberem ignoram a sua própria causa. Neste 1º Encontro Nacional do Movimento Negro PSB, constatamos e entendemos que a consciência negra tem de ser nossa “ideologia” e a nossa “máxima de vida”. Temos que conceber o ser humano como a vida de um “eu” que em tese é o projeto de um existir, o qual desenvolverá sempre as potencialidades de realizar um plano ou um programa que nos seja determinado. Portanto, cada indivíduo pode e deve encontrar em si mesmo a força da decisão, a clareza acerca do próprio destino, a perspectiva de uma nova solidariedade social e histórica. O ser humano pode acordar da animosidade em que a massificação pretende mantê-lo cativo.


Confira Documento na íntegra

Valneide Nascimento
Secretária Geral
Movimento Negro