Estou imaginando mais uma Semana da Consciência Negra e nesse hábito de imaginar sobre questões reais, meus pensamentos me forçam a pensar. Pensar é uma oportunidade para fomentar novas idéias. Nesse sentido proponho uma reflexão sobre a questão da consciência negra. Consciência Negra remete-nos a pensar, e não a “imaginar” apenas as ações dos movimentos negros organizados em função do dia 20 de novembro. A Semana da Consciência Negra, deve ser algo maior, mais valoroso e inovador. Estou a pensar o povo negro em “movimento”, em ação, fazendo concretamente seus direitos e valores serem respeitados e re-conhecidos. Seguindo esse raciocínio algumas indagações se tornam pertinentes. Por exemplo, nós, negras e negros nascidos no Brasil somos por lei, reconhecidos, seres “livres” pela Constituição da República Federativa do Brasil; garante a lei que somos “iguais” e, por isso, devemos ser respeitados. Tudo é verdade até que se prove ao contrário. Mas por que então, foi necessário a elaboração do Estatuto da Igualdade Racial? E porque nós, negras e negros necessitamos discutir e lutar para ver nossos direitos respeitados, uma vez que esses deveriam ser reconhecidos espontaneamente? Se não estou equivocado, as lutas concretas dos movimentos negros teve um impulso a partir de 1988, quando da Campanha da Fraternidade com o lema: “O Negro e a Fraternidade”. Ou seja, há 21 anos, nós, negras e negros clamamos com mais ênfase e posicionamento por dignidade, respeito e reconhecimento. Porém, ainda é fato que muitos jovens negros estão sendo sumariamente assassinados e, muitos cidadãos negros estão sendo hostilizados e submetidos a constrangimentos públicos simplesmente por serem negros.
Nesses tantos anos de luta e movimento, me parece que já é tempo maduro para uma nova postura da comunidade negra do ponto de vista étnico-político. Consciência sugere a idéia de liberdade e autonomia. Daí que, toda iniciativa do povo negro do ponto de vista político, deve conseqüentemente, primar pela defesa da soberania étnica da comunidade negra. Por soberania consideramos o exercício livre da vontade pessoal do ser humano e, nesse caso, toda ação livre tem em si um objetivo a ser alcançado. Assim, nós negros e negras temos de saber o que desejamos alcançar com as iniciativas realizadas no dia 20 de novembro e a quem desejamos atingir. Sugiro aqui três idéias: Primeira, devemos atingir a consciência do povo negro, no sentido de que toda e qualquer pessoa da etnia negra tome consciência e conhecimento da real situação em que vivemos na sociedade brasileira; depois “pedagogizar” as ações da Semana da Consciência Negra. Isto é, encontrar novas fórmulas de como nós dos movimentos organizados vamos “seduzir” os negros e negras não envolvidos nos movimentos e em organizações, para que venham fazer parte das ações e, assim, despertem a consciência e reconheçam que a luta é de todas e de todos nós; por último, tem de ser uma idéia, cuja fundamentação tenha repercussão na sociedade civil e no poder público. O povo negro no Brasil é maioria populacional, mas ao longo dos anos tem aceitado e legitimado que apenas os homens brancos assumam o poder político em detrimento dos homens e mulheres da etnia negra. Essa cultura do “embranquecimento” tem dificultado o equilíbrio sócio-político e econômico da etnia negra em relação à maioria da população branca, pois, uma vez no poder, os homens brancos desconhecem a importância do povo negro na estruturação da economia brasileira e, quando predispõem a realizar algo que tenha como referência a cultura negra, o fazem via políticas públicas e ou ações afirmativas, as quais são importantes dadas as circunstâncias históricas do país, mas é verdade, são ações que não resolvem o problema do povo negro, quando muito ameniza. Pensemos nas comunidades quilombolas e nos tantos negros e negras que vivem nas periferias das cidades e que não estão inseridos em nenhum movimento e não são quilombolas, pensemos nas estradas do Brasil e vemos os “homens invisíveis” ( os andarilhos das estradas do país), são negros na sua imensa maioria. Veremos que nós temos muito pelo que lutar e exigir em termos de políticas públicas e de ações afirmativas.
Consideremos aqui as políticas públicas do atual governo federal, de fato se trata de algo diferenciado em relação a todos os governos anteriores. Manteve o sistema de cotas, criou o ministério da promoção da igualdade racial, mas é agora a hora de manter-nos os olhos voltados para a realidade que nos cerca. Assim, entendo que o desafio do povo negro organizado é: mudar o foco da atuação e trazer os negros e as negras para o centro da discussão sendo que: cada negro e cada negra é representante de sua causa e assim, a causa de todos.
Nesses tantos anos de luta e movimento, me parece que já é tempo maduro para uma nova postura da comunidade negra do ponto de vista étnico-político. Consciência sugere a idéia de liberdade e autonomia. Daí que, toda iniciativa do povo negro do ponto de vista político, deve conseqüentemente, primar pela defesa da soberania étnica da comunidade negra. Por soberania consideramos o exercício livre da vontade pessoal do ser humano e, nesse caso, toda ação livre tem em si um objetivo a ser alcançado. Assim, nós negros e negras temos de saber o que desejamos alcançar com as iniciativas realizadas no dia 20 de novembro e a quem desejamos atingir. Sugiro aqui três idéias: Primeira, devemos atingir a consciência do povo negro, no sentido de que toda e qualquer pessoa da etnia negra tome consciência e conhecimento da real situação em que vivemos na sociedade brasileira; depois “pedagogizar” as ações da Semana da Consciência Negra. Isto é, encontrar novas fórmulas de como nós dos movimentos organizados vamos “seduzir” os negros e negras não envolvidos nos movimentos e em organizações, para que venham fazer parte das ações e, assim, despertem a consciência e reconheçam que a luta é de todas e de todos nós; por último, tem de ser uma idéia, cuja fundamentação tenha repercussão na sociedade civil e no poder público. O povo negro no Brasil é maioria populacional, mas ao longo dos anos tem aceitado e legitimado que apenas os homens brancos assumam o poder político em detrimento dos homens e mulheres da etnia negra. Essa cultura do “embranquecimento” tem dificultado o equilíbrio sócio-político e econômico da etnia negra em relação à maioria da população branca, pois, uma vez no poder, os homens brancos desconhecem a importância do povo negro na estruturação da economia brasileira e, quando predispõem a realizar algo que tenha como referência a cultura negra, o fazem via políticas públicas e ou ações afirmativas, as quais são importantes dadas as circunstâncias históricas do país, mas é verdade, são ações que não resolvem o problema do povo negro, quando muito ameniza. Pensemos nas comunidades quilombolas e nos tantos negros e negras que vivem nas periferias das cidades e que não estão inseridos em nenhum movimento e não são quilombolas, pensemos nas estradas do Brasil e vemos os “homens invisíveis” ( os andarilhos das estradas do país), são negros na sua imensa maioria. Veremos que nós temos muito pelo que lutar e exigir em termos de políticas públicas e de ações afirmativas.
Consideremos aqui as políticas públicas do atual governo federal, de fato se trata de algo diferenciado em relação a todos os governos anteriores. Manteve o sistema de cotas, criou o ministério da promoção da igualdade racial, mas é agora a hora de manter-nos os olhos voltados para a realidade que nos cerca. Assim, entendo que o desafio do povo negro organizado é: mudar o foco da atuação e trazer os negros e as negras para o centro da discussão sendo que: cada negro e cada negra é representante de sua causa e assim, a causa de todos.
Domingos Barbosa. (Profº. Dumas) É filósofo, Educador, Mestre em filosofia política e membro do movimento negro.
Londrina-PR, Novembro de 2009.
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